O prazo para que as trinta e duas famílias que vivem na Aldeia Imbuhy, no município de Niterói, saiam da área considerada de Segurança Nacional pelo Exército Brasileiro vence na segunda-feira (16). Desde o início da semana, líderes comunitários, parlamentares que apoiam as famílias e o advogado estão em contato com autoridades do Ministério da Defesa para tentar suspender o processo de despejo.
Em entrevista à Pulsar Brasil, o representante da Associação de Moradores da Aldeia, Ailton Navega, destacou que a situação é muito tensa. Segundo ele, o Exército já deslocou dez containers para fazer a remoção dos pertences dos moradores e está estudando a área onde as casas estão localizadas para a operação de isolamento.
Desde 96, as famílias travam uma batalha judicial pelo direito de ir e vir e permanência no território de seus antepassados. Originada no século dezenove a partir de pescadores caiçaras indígenas, a aldeia possui em sua trajetória importantes fatos da história do Brasil. Na Aldeia Imbuhy foi bordada a primeira bandeira republicana do país pela Dona Flora Simas de Carvalho, matriarca da comunidade.
Esta não é a primeira vez que as famílias sofre com a ordem de despejo. Em junho, Regina Campos Côrrea teve a sua casa demolida durante o processo de reintegração de posse de três casas da Aldeia.
A ação foi questionada pelo forte aparato de segurança e pelo descumprimento da ordem judicial expedida, que estabelecida que o imóvel deveria ser deixado livre, desimpedido e não demolido.
Tudo indica que a Justiça desconsidera o reconhecimento da Prefeitura de Niterói da Aldeia Imbuhy como comunidade tradicional e o estudo histórico e etnográfico da professora do programa de pós-graduação em História da Universidade Federal Fluminense, Marcia Maria Motta, que comprova que as famílias vivem na área desde antes da construção do Forte. Na segunda-feira (16) será um dia decisivo na história da luta pela sobrevivência da comunidade. (pulsar)